Você está tranquila em casa até que ouve uma gritaria vindo do quarto
das crianças. Chega lá e vê seus filhos engalfinhados, como dois
lutadores de boxe. O quarto virou um ringue. Você tenta saber quem
começou e qual é a razão de tanta agressividade. As pessoas que você
mais ama não se entendem. Onde foi que errou? As diferenças entre
irmãos são normais. E as brigas dentro de uma família funcionam como um
treino para a vida em sociedade, mas os pais devem dar aos filhos a
noção dos limites dessas discussões, orienta Natércia Tiba,
psicoterapeuta e autora do livro Mulher sem Script (Integrare Editora).
Com as lições da especialista, você vai ver que não é tão difícil quanto
parece transmitir aos filhos o comportamento correto diante de um
conflito.
Como estimular a amizade entre os filhos?
Natércia Tiba dá dicas para ajudar os pais nessa missão:
· Tenha sempre em mente que ser justo com os filhos não é tratá-los
de forma igual, mas sim tratá-los de acordo com as necessidades de cada
um.
· Faça programas diferentes com cada filho e valorize esse tempo a sós com cada um. E reforce como gosta deles!
· Evite fazer comparações. Elogie ou critique, quando for necessário, mas nunca usando o outro como referência.
· A maior aliança entre as crianças é a risada. Estimule seus filhos a brincarem e se divertirem juntos.
· Não force para que eles façam tudo juntos. É normal que tenham gostos e turmas de amigos diferentes.
· Não coloque um filho para vigiar o outro. Não crie um dedo-duro entre eles.
5 situações de conflito entre seus filhos e como resolvê-las
1. Seus filhos começam a discutir e de repente estão se xingando.
Você não faz nada porque acha que eles devem se entender sozinhos.
Errado: quando chega ao ponto da agressão física ou verbal, não
importa quem começou, é preciso interromper a briga e colocá-los de
castigo. Assim, quando começarem a se alterar, vão entrar em um acordo
antes de irem para o castigo.
2. Seu filho mais velho entrou na escolinha de futebol. Você compra uma chuteira para ele e uma outra para o mais novo.
Errado: Se você for levar seu filho de 5 anos para tomar uma vacina
para a idade dele, vai levar também o de 9?, questiona Natércia. A
terapeuta completa: A criança não quebra se ficar frustrada. Explique
que, naquele momento, quem precisa da chuteira é o irmão e que, se um
dia o caçula for jogar, ele também ganhará a dele.
3. Seus filhos vivem brigando. Para melhorar isso, você matricula os
dois em esportes coletivos, como futebol, mas em escolas diferentes
Certo: o esporte é ótimo para o desenvolvimento da criança, mas
colocar os dois na mesma escolinha pode transformar o campo de futebol
em um ringue de luta livre. Evite isso.
4. É importante que cada filho tenha o seu momento de ficar sozinho
com os pais. Mas seu marido vive dizendo que não sabe que programas
fazer com a filha de vocês. Então, ele sempre sai com o filho e você,
com a menina.
Errado: Os filhos precisam de momentos de exclusividade, sim, mas
algumas vezes com o pai e outras com a mãe. Essa divisão por sexo não
deve existir, diz a psicoterapeuta. O pai pode tentar algo de que ele e
a filha gostem, como passear de bicicleta ou tomar sorvete.
5. Seus filhos estão com a babá em casa. De repente, toca o telefone
no seu trabalho e são eles, aos berros. Você não sabe como começou a
briga, portanto, deixa os dois de castigo, sem computador por dois dias,
por exemplo.
Certo: explique que o objetivo é fazê-los se unirem, mas, se chegaram
a ponto de lhe telefonar alterados por causa de uma briga, devem ficar
de castigo para pensar sobre o assunto e não repetir esse comportamento
numa próxima vez.
Qual é a hora certa de interferir?
Depende de cada criança, mas, de maneira geral, a hora certa para os
pais interromperem a briga é quando um dos filhos está alterado,
chorando ou gritando muito. Nesse estágio, a criança perde a razão e
toma atitudes impensadas. Aí é a hora de interferir, explica Natércia.
· Converse e diga que sentir raiva não resolve nada. Ensine seus filhos a ter autocontrole.
· Não separe a briga aos berros. Isso é exemplo de descontrole.
· Não aceite que eles partam para a agressão de forma alguma, nem física, nem verbal. Violência gera violência!