Ah, essa vida da gente, que não gosta de
tranquilidade demorada, de calmaria sem fim, de sossegos longos demais.
Essas surpresas nem sempre agradáveis que chegam de repente, sem aviso
prévio; essas dores na alma que nos derrubam ao chão de nossas
desilusões mais sentidas. Viver é arriscar-se, é lançar-se ao
desconhecido, é enfrentar tempestades e dias de sol, sem ter controle de
quase nada, na esperança de que o melhor sempre virá.
Parece que nunca estaremos livres de preocupações, seja em relação às
nossas próprias vidas, seja em relação às vidas que amamos. Somos,
muitas vezes, alquebrados por situações que preocupam os nossos filhos,
nosso parceiro, nossos familiares e amigos mais chegados. Ou seja, mesmo
que estejamos tranquilos, não seremos felizes por completo, caso
sintamos a tristeza rondar aqueles que caminham ao nosso lado. É o preço
que pagamos por andar junto.
Quanto mais relacionamentos construirmos, quanto maior o número de
pessoas que agregarmos ao nosso rol afetivo, mais chances teremos de
compartilhar felicidade, porém, também estaremos sujeitos a ter que
enfrentar mais dissabores. A vida de quem amamos faz parte de nós e
torna-se impossível ficar impassível enquanto o outro sofre. Por isso é
que não dá para ser feliz com plenitude quando estamos rodeados por
infelicidades alheias. Ninguém é uma ilha.
Felizmente, é sempre bom saber que teremos alguém com quem poderemos
contar, com quem dividiremos as nossas vidas, em tudo de bom e de ruim
que ela carrega, para que possamos desafogar as nossas mágoas, desabafar
nossas angústias, chorar nossas dores. Será vital, em nossa jornada,
sentir o calor de um abraço sincero e reconfortante, que acolha e nos
transmita entendimento e paz. Da mesma forma, sermos nós quem acolhe ao
outro em nosso abraço de amor fará toda a diferença também.
A vida, afinal, é um dar e receber, um vai com volta, um colher e
plantar o que somos, o que desejamos, o que sonhamos. Abraçar o mundo à
nossa volta com amor verdadeiro nos tornará mais felizes, pois assim
encontraremos reciprocidade afetiva por parte daqueles que optarão por
ficar conosco, em harmonia, com fidelidade sincera. Seremos, então, mais
fortes para enfrentar com sabedoria e tenacidade as intempéries que,
embora teimarão em nos devastar, não encontrarão morada em meio ao amor
que sustentará o nosso caminhar.