Por: Maria Cristina Ramos Britto
Pesquisa recente feita em uma universidade da Dinamarca, com quase 1
milhão de pessoas, concluiu que o risco de problemas cardíacos, como
arritmias, aumenta em 41% para pessoas que perderam um cônjuge (tanto
por morte quanto por separação) ou pesssoa significativa, que
descobriram uma traição, sofreram um acidente ou perdas financeiras e
demissão, foram vítima de violência ou de desastres naturais. Também
conhecida como síndrome do coração partido, ou síndrome de takotsubo
(armadilha para caçar polvos que lembra a forma do coração após o
ataque), foi descrita pela primeira vez por pesquisadores japoneses, no
início da década de 1990. Acomete principalmente mulheres na meia-idade,
mas, por ser uma síndrome ainda pouco conhecida, os casos podem ser em
maior número do que o relatado.
A ocorrência da síndrome do coração partido é explicada pelo fato de
um acontecimento traumatizante desencadear a produção, no cérebro, de
substâncias químicas que enfraqueceriam o tecido do coração. Os sintomas
psicológicos que antecedem o problema físico são apatia, sentimentos de
desespero e solidão, depressão, sensação de que a vida perdeu o sentido
(o que pode levar a pensamentos suicidas).
A perda de uma pessoa querida é uma experiência muito dolorosa, que
pode causar extremo estresse emocional. Isso não significa que todos que
passam por esse trauma necessariamente correm o risco de ter um
problema cardíaco. Vários fatores concorrem para a vulnerabilidade
física e emocional a doenças, que vão do estilo de vida (tabagismo, maus
hábitos alimentares e sedentarismo, entre os mais verificados), solidão
e falta de suporte social, às características que o indivíduo
desenvolveu ao longo da vida, ou seja, a forma como pensa e encara a si
mesmo, o mundo e o futuro e mesmo um histórico de depressão e ansiedade.
A compreensão da necessidade de aceitar o que não está no controle da
pessoa, como a morte, por exemplo, demonstra aptidão para enfrentar o
sofrimento e os reveses da vida.
O sofrimento, em muitas situações, é inevitável, mas suas
consequências variarão de um sujeito para outro e sua intensidade
depedenderá da resiliência do indivíduo, ou seja, de sua capacidade
resistir à pressão de circunstâncias adversas ou de lidar com elas. Mas,
se podemos desenvolver forças internas para superar momentos difíceis,
nada nos salva do sofrimento de uma perda, seja ela de que tipo for. É
fundamental contar com uma rede de apoio, de amigos e familiares, e, se
necessário, buscar ajuda profissional.