Pense 20 vezes antes de bater em uma criança

- Bater em alguém mais fraco é, em si, um ato de covardia.
- A
palmada tende a ir perdendo seu efeito, a longo prazo, e a criança, aos
poucos, teme menos a agressão física. A tendência dos pais é, então,
bater mais e mais, buscando os efeitos que haviam conseguido
anteriormente.
- A
palmada não resolve os conflitos comuns às relações pais e filhos:
muitas das crianças que apanham, mesmo sentindo-se magoadas e
amedrontadas, enfrentam os pais dizendo que a “palmada não doeu”, e o
que era apenas um tapinha leve no bumbum, acaba virando uma tremenda
surra.
- A
palmada, aos poucos, pode afastar severamente pais e filhos, pois a
agressão física, ao invés de fazer a criança pensar no que fez,
desperta-lhe raiva contra aquele que a agrediu.
- Os danos emocionais impostos pela agressão física são geralmente mais duradouros e prejudiciais que a dor física.
- Bater
pode ser uma experiência traumática para a criança, não apenas pela dor
física que impõe, mas principalmente porque coloca em risco a
credibilidade depositada por ela nos pais, que é a base para sentir-se
amparada e segura.
- A
criança não pode se sentir segura se sua segurança depende de uma
pessoa que se descontrola e para com a qual tem ressentimentos.
- A criança que apanha tende a se ver como alguém que não tem valor.
- Aos poucos, a criança aprende a enganar e descobre várias maneiras de esconder suas atitudes com medo da punição.
- A criança pode aprender a mostrar remorso para diminuir sua punição, sem no entanto senti-lo realmente.
- Para
a criança, a palmada anula a sua conduta: é como se ela tivesse pago
por seu erro, e por isso pensa que pode vir a cometê-lo de novo.
- A
palmada não ensina à criança o que ela pode fazer, mas apenas o que não
pode fazer, sem que saiba ao menos o motivo. A criança só acredita ter
agido realmente errado quando alguém lhe explica o porquê e quando
percebe que sua atitude afeta ou abala o outro.
- O medo da palmada pode impedir a criança de agir errado, mas não faz com que ela tenha vontade de agir certo.
- A
palmada tem um caráter apenas punitivo, e não educativo; ela pode
parecer o caminho mais fácil a ser seguido, porque aparentemente tem o
efeito desejado pelos pais. É comum a criança inibir o comportamento
indesejado por medo, e não pela convicção de que agiu de maneira
inadequada.
- Muitas
das crianças que apanham aprendem a adquirir aquilo que querem através
da agressão física e, não raras vezes, apresentam na escola condutas
agressivas para com os coleguinhas.
- Uma
palmada, para um adulto, pode parecer inofensiva. Porém, é importante
saber que cada criança atribui um significado diferente ao fato de
“levar umas palmadas”, podendo tornar-se uma experiência marcante em sua
vida futura. Além disso, independente da intensidade do bater, o ato
continua sendo o mesmo: um ato de violência contra um ser desprotegido.
- Bater
é uma forma de perpetuação da “cultura da violência” tão presente nas
relações entre as pessoas nos dias atuais, pois ensina às crianças que
os conflitos se resolvem por meio de agressão física.
- Bater
nos filhos muitas vezes acaba por gerar nos pais fortes sentimentos de
culpa, o que os leva a procurar compensar sua atitude posteriormente,
“afrouxando” aquilo que procuravam corrigir.
- Bater
é um atestado de fracasso que os pais passam a si próprios (Zagury,
1985), porque demonstram para a criança que perderam o controle da
situação.
- O sentido da justiça está em fazer aos outros aquilo que gostaríamos que nos fizessem.