Por Isabela Moreira
Cá entre nós, falar um palavrão em voz alta é libertador. Mas, por
qual motivo, exatamente? Para a pesquisadora Rebecca Roache, da
Universidade de Londres, na Inglaterra, a sensação está relacionada com o tabu em torno dos palavrões.
Ela cita como exemplo a palavra "merda". Apesar de ser um sinônimo para cocô, merda é considerado um palavrão. Se em vez de merda uma pessoa brava gritasse "cocô!", a situação seria engraçada e não surtiria o efeito desejado.
A pesquisadora acredita que isso tem a ver tanto com o tabu em torno do palavrão quanto a raiva embutida na hora de invocá-lo.
"O filósofo Joel Feinberg observou que os palavrões 'adquirem um forte
senso expressivo que é quase uma tensão entre tabus poderosos e nossa
propensão a desobedecer", escreveu Rebecca em um artigo para a Aeon. "E de fato, em diversas culturas nós tendemos a impedir, censurar e punir quem fala palavrões.
A prática pode fazer com que as pessoas percam seus trabalhos ou até
mesmo sejam presas. O tabu contra os palavrões é bem sério."
Uma pesquisa realizada na Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos,
vai de acordo com as afirmações de Rebecca. No estudo publicado no
periódico PubMed,
os pesquisadores revelam que a amígdala cerebelosa, por vezes vista
como o centro de processamento emocional do cérebro, mostra aumento nos
níveis de atividade quando palavras "ameaçadoras" são utilizadas,
sugerindo para a pessoa em questão que algo negativo está ocorrendo.
O psicólogo Timothy Jay, do Massachusetts College of Liberal Arts, nos Estados Unidos, afirma ainda que o poder dos palavrões vêm da quebra das normas sociais e que estamos condicionados a relacioná-los com tabu.
Por isso quando somos crianças falar palavrões parece ser tão
satisfatório e transgressor. A sensação vai diminuindo conforme as
pessoas vão amadurecendo, mas quanto menor for a frequência com a
qual alguém utiliza palavrões, mais gostosa é sensação que sentirá
quando finalmente falar um. Então use com moderação.
Texto Original: Galileu